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A Universidade de Cabo Verde, na cidade do Mindelo, em comemoração ao seu 16.º aniversário, foi palco de duas aulas magnas distintas, porém "ricas, cheias de histórias, ensinamentos, partilha, metas e ambições" para o futuro da universidade.

Nesta quinta-feira, 17, a Faculdade de Ciências Sociais Humanas e Artes, no Liceu Velho, recebeu Luís Fonseca, um diplomata autodidata, representante permanente junto às Nações Unidas e ex-embaixador de Cabo Verde na Rússia e teve, também, outras muitas funções durante da independência do país.

Ao longo do evento, “Diálogos com memória”, Luís Fonseca partilhou o seu percurso de vida e o seu contributo na luta pela independência de Cabo Verde, enquanto militante do PAIGC. Neste processo, Fonseca foi preso por mais de cinco anos devido aos seus atos revolucionários e nacionalistas, porém afirma que "valeu a pena".

“Apesar disso e de ter sido uma fase difícil para mim e para a minha família eu sinto um grande orgulho, pois para mim isso é a resistência e de maneira nenhuma voltaria atrás”, sublinhou o responsável.

“Diálogos com memória” é um projeto desenvolvido e executado pela Universidade de Cabo Verde já há alguns anos, onde o objetivo passa por criar um diálogo inter-geracional, de modo a construir e enriquecer memórias.

Já na sexta-feira, 18, a Faculdade de Educação e Desporto foi o espaço contemplado com uma conversa aberta, intitulada “Desafios da descentralização na Uni-CV”, que muitos dos presentes definiram como uma “verdadeira aula magna”, presidida por Marina Ramos e Rosa Santiago, docente reformada da Casa e docente da Uni-CV, respetivamente, a conversa gerou uma partilha que deixou claro que, para haver descentralização, ainda "tem muito trabalho a realizar."

“A descentralização no ensino superior implica uma autonomia das estruturas, implica que haja professores que possam dedicar-se a uma vida académica através da investigação e produzir conhecimento e envolver os alunos neste processo. A descentralização implica a organização de projetos cientifico-pedagógicos que possam obter dos serviços desconcentrados o financiamento ou, ao menos, ajuda para conseguir financiamento”, salientou Marina Ramos.

Além disso, a docente reformada da Uni-CV fez questão de sublinhar a importância de uma gestão desprendida de ideologias.

“Havendo ou não descentralização, as universidades têm de estar acima de tudo. Dos partidos políticos, da religião, da economia. Não se pode gerir uma universidade baseando-se ou guiando-se pelas ideologias políticas”.

Como forma de conseguir a tão falada descentralização, Marina Ramos sugere um governo federal.

“Temos de ter em conta que somos um país arquipelágico, com características diferentes, diferenças culturais e deve-se respeitar a diversidade. Por este motivo, o único modelo de governação que poderia dar resultado e provocar uma descentralização de facto e de direito seria a formação de um governo federativo”, prosseguiu.

A conversa aberta contou ainda com a intervenção dos alunos da área da Educação e docentes da Uni-CV.

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