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Iniciou-se o seu percurso académico em 2006, sendo um dos estudantes daquela que foi a primeira turma da Uni-CV, para fazer o curso de licenciatura em Ciências Biológicas na Faculdade de Ciências e Tecnologia. Elves Duarte lembrou que teve a oportunidade de participar dos primeiros programas de investigação científica, uma parceria entre a Universidade de Cabo Verde e Universidade Federal Brasileira.

Elves define a Uni-CV como a segunda casa, conta que teve a oportunidade de lecionar na Uni-CV logo após ter terminado o mestrado. “Lecionar na Uni-CV foi uma experiência muito boa, uma oportunidade de pôr em prática os meus conhecimentos, assim ajudando os outros colegas na formação académica”, acrescenta.

Segundo o mesmo, o facto de ter interessado tanto pela área da ciência e investigação científica deve-se à Uni-CV, “uma universidade muito nova que fazia e ainda faz muito com poucos recursos” frisa. 

Apesar de que a sua formação de base é biologo, Elves sempre se interessou pela ciência que estuda os insetos, particularmente os insetos que transmitem agentes infeciosos como o caso da dengue e da malária que são problemas em Cabo Verde. 

E para concluir o seu doutoramento, Elves não quis apenas aproveitar da experiência que tem na área da biologia médica, mas também incorporar algo com novas tecnologias de investigação, nomeadamente biologia molecular e bioinformática. Durante a sua investigação, acabou por estudar uma bactéria que vive dentro das células de vários insetos, das moscas das frutas e que pode, também, ser encontrado nos mosquitos. 

Com o objetivo de compreender como a bactéria cresce, perceber como a mesma regula em crescimento, o alumni da Uni-CV, Elves Duarte, em colaboração com outros investigadores, lançou-se às pesquisas. 

De acordo com o artigo intitulado: Genética avançada em Wolbachia: Regulação da proliferação de Wolbachia pela amplificação e deleção de uma ilha genómica viciante, publicado na revista científica - PLOS Genetics, os simbiontes bacterianos intracelulares transmitidos pela mãe são comuns em insetos. Esses endossimbiontes bacterianos podem ser mutualísticos, por exemplo, complementando as dietas dos seus hospedeiros, e podem expandir a gama de nichos ecológicos dos seus insetos hospedeiros. 

Estes também podem ser parasitas, muitas vezes manipulando a reprodução de seus hospedeiros e promovendo sua disseminação na população hospedeira.

Considera-se o resultado interessante por várias razões, uma delas é que é a primeira vez que consegue-se usar uma técnica clássica em genética para identificar a base molecular da bactéria.

Uma outra razão que merece ser destacada, é que vários países, incluindo o Brasil, a Austrália e entre outros estão a usar esta bactéria em mosquitos para controlar a dengue. E recentemente foi publicado um artigo que demonstra, que de fato esta bactéria consegue reduzir a incidência da dengue até 80%.

Elves acredita que os resultados desta pesquisa provavelmente vão contribuir para otimizar estes programas, para que se tornam mais sustentável, mais seguro e ao longo do tempo contribuir para a redução de doenças transmitidas por vetores, o que indiretamente irá contribuir para a redução da pobreza e melhoria na qualidade da saúde que é um dos objetivos do milénio para o desenvolvimento. 

Wolbachia é um dos endossimbiontes bacterianos mais prevalentes em artrópodes, sendo encontrada em aproximadamente 40% das espécies de artrópodes terrestres. Wolbachia é amplamente conhecido como um manipulador de reprodução de hospedeiro. No entanto, também pode ser mutualística, por exemplo, fornecendo vitaminas ou protegendo contra peptógenos virais.

O artigo mostra que é possível rastrear novos mutantes de Wolbachia e compreender melhor como o controle do crescimento é geneticamente controlado por Wolbachia. 

PLOS Genetics é uma revista científica criada em agosto de 2005. Trata-se de uma revista de genética publicada pela Public Library of Science dos Estados Unidos da América.

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