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A Universidade de Cabo Verde acolheu hoje, 9 de setembro de 2025, no Auditório da Faculdade de Educação e Desporto (FaED/Uni-CV), Campus do Mindelo, a abertura oficial do 23º Encontro Anual da Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola (ACBLPE).

A sessão contou com intervenções do Pró-Reitor para as Áreas de Avaliação, Comunicação e Eficiência da Uni-CV, João Almeida Medina; da vice-presidente da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes, Cláudia Inocêncio; da professora Fátima Fernandes, diretora da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa; do professor Nicolas Quint, presidente da ACBLPE; e da professora Mariana Faria, em representação da Embaixada de Portugal. Os discursos convergiram na valorização das línguas crioulas, na importância da cooperação científica internacional e no papel de Cabo Verde como espaço de reflexão e partilha de conhecimento.

Durante a cerimónia realizou-se ainda um minuto de silêncio em memória das vítimas da tempestade Erin, que atingiu a ilha de São Vicente a 11 de agosto, gesto que sublinhou o espírito de solidariedade que também marca esta edição do encontro.

Primeira plenária: visão comparativa e crítica à institucionalização linguística

Na sequência da abertura, o evento contou com a primeira conferência plenária, proferida pelo Professor Kofi Yakpo, com a comunicação intitulada “Institucionalização e Padronização de Línguas Crioulas no Século XXI: Um Estudo Comparativo”. Kofi Yakpo, professor da Universidade de Hong Kong, é reconhecido internacionalmente por suas investigações sobre contacto linguístico, mudança linguística e políticas linguísticas em países e comunidades onde se falam crioulos.

Em seu estudo comparativo, sublinhou que embora muitos crioulos tenham sido alvo de esforços de padronização, nenhum se instituiu de forma ampla como língua de administração ou do sistema educativo. Destacou ainda que sistemas prosódicos dos crioulos não são, de forma geral, simplificados, pelo contrário, refletem ecologias linguísticas complexas, moldadas por heranças africanas de entoação e ritmo. Sua análise reforça a necessidade de estabelecer políticas linguísticas que respeitem as especificidades sociais e cognitivas dos crioulos, ao mesmo tempo em que promovem sua legitimação.

Tarde de partilhas científicas

Durante a tarde de hoje, decorrem sessões temáticas paralelas que abordam, entre outros temas, a análise de documentos históricos cabo-verdianos, estudos sobre línguas crioulo-guineenses e casamancesas, reflexões sobre a presença do crioulo cabo-verdiano na literatura e debates em torno das políticas linguísticas e educacionais em Cabo Verde.

A programação cultural terá início ainda esta noite, com a apresentação pública da tradução cabo-verdiana do romance Os Dois Irmãos, de Germano Almeida, e, amanhã, 10 de setembro, a exibição em crioulo de São Nicolau da obra O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry, na Alliance Française do Mindelo.

Promovido pela Uni-CV, ACBLPE e Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa (CET-LP), com o apoio de instituições como o CNRS, LLACAN, INALCO e a Universidade de Augsburgo, o encontro reúne mais de 40 investigadores de diversos países e decorre até 11 de setembro. Esta é a segunda vez que a Universidade de Cabo Verde acolhe o evento, depois da edição realizada em 2016.

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