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A Universidade de Cabo Verde(Uni-CV) foi palco, no dia 13 de maio de 2025, da terceira edição do Seminário de Saúde Mental Materna, subordinado ao tema “Maternidade Atípica – Fases Ocultas da Maternidade”. A iniciativa foi organizada pelo grupo disciplinar de Enfermagem da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Uni-CV, no âmbito da campanha nacional Maio Furta-Cor, que visa dar visibilidade à saúde mental das mães e reconhecer a diversidade das experiências de maternidade em Cabo Verde.

O evento reuniu estudantes, docentes, profissionais de saúde, representantes institucionais e mães com vivências atípicas, num espaço marcado pela escuta sensível, partilha de experiências e reflexões profundas sobre os desafios enfrentados por mulheres que exercem a maternidade fora dos padrões convencionais. As mães atípicas seja por terem filhos neurodivergentes, seja por viverem elas próprias com alguma condição física ou emocional  enfrentam um conjunto de desafios frequentemente ignorados, tanto no discurso social como nas políticas públicas.

A sessão de abertura foi conduzida pela Presidente da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Professora Maria dos Anjos, que salientou a importância de trazer para o espaço académico temas que atravessam a vida real das mulheres cabo-verdianas. Sublinhou  que a maternidade, embora amplamente romantizada, pode ser marcada pela solidão, exaustão, ansiedade e, sobretudo, por um profundo sentimento de invisibilidade. A Presidente reforçou que a saúde mental materna não é uma escolha, mas sim uma necessidade urgente e um imperativo ético, social e civilizacional. Referiu ainda que todas as mães, independentemente das suas condições, são mães completas e devem ser reconhecidas como protagonistas do cuidado. Enfatizou que a Uni-CV, enquanto instituição formadora, tem a missão de preparar profissionais não apenas tecnicamente capacitados, mas também humanos, empáticos e conscientes das desigualdades sociais que afetam a experiência da maternidade.

A representante da campanha Maio Furta-Cor, Dra. Maria Dias, emocionou o público ao recordar que a maternidade atípica exige uma atenção constante, lida com a imprevisibilidade e enfrenta a ausência de políticas eficazes e de redes de apoio sólidas. Defendeu que a campanha furta-cor foi pensada precisamente para simbolizar a multiplicidade da maternidade, que muda conforme o olhar, o contexto e as vivências. Acrescentou que este seminário se propôs dar voz a duas realidades frequentemente silenciadas: a das mães de filhos com necessidades específicas e a das mulheres que, por viverem com condições como deficiência ou doenças mentais, enfrentam estigmas que questionam a sua legitimidade para serem mães.

Ao longo da manhã, o seminário desenvolveu-se com mesas-redondas e painéis temáticos que contaram com a presença de psicólogos, psiquiatras, neuropsicólogos, terapeutas da fala, enfermeiras e mães convidadas que partilharam os seus testemunhos. A discussão centrou-se nos desafios emocionais e sociais que estas mães enfrentam, nas lacunas institucionais e na urgência de políticas públicas inclusivas e sensíveis às suas realidades. O evento foi também enriquecido com momentos culturais, reforçando o ambiente de acolhimento e empatia que marcou toda a jornada.

O III Seminário de Saúde Mental Materna foi, assim, um espaço de reflexão crítica e de compromisso com a inclusão. Ao trazer para o centro do debate académico e social a vivência da maternidade atípica, a Uni-CV reforça o seu papel como promotora de uma sociedade mais justa, atenta às suas vulnerabilidades e disposta a ouvir e a agir.

A campanha Maio Furta-Cor continua a crescer em Cabo Verde como um movimento de valorização da saúde mental materna, recordando a todos que a maternidade tem muitas cores  e que todas elas merecem ser vistas, reconhecidas e respeitadas.

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