Evento internacional reuniu investigadores de cinco países para debater fuga de cérebros e integração de migrantes

A Universidade de Cabo Verde acolheu no dia 30 de setembro a Conferência Internacional sobre Migração e Educação, uma iniciativa conjunta do Centro de Investigação NOVAFRICA da Nova SBE, do Centro de Economia da Educação da Nova SBE e do LISER. O evento decorreu no Auditório 101 do Campus de Palmarejo Grande, na Praia.
A conferência, que contou com a participação de investigadores de Portugal, Luxemburgo, Reino Unido, Países Baixos e Estados Unidos da América, centrou-se em questões como a integração de migrantes, a emigração juvenil cabo-verdiana e o impacto da mobilidade de quadros qualificados no desenvolvimento económico.
Na sessão de abertura, o vice-reitor da Universidade de Cabo Verde, Jorge Mendes Tavares, que representou o magnífico reitor, sublinhou a relevância do tema para o país. "A migração faz parte da nossa identidade histórica e continua a moldar, de forma profunda, as oportunidades e as dificuldades das nossas sociedades", afirmou.
Jorge Mendes Tavares destacou ainda que Cabo Verde, enquanto pequeno país arquipelágico, enfrenta desafios significativos decorrentes da migração juvenil. "Investir na educação e elevar os níveis de qualificação constitui uma estratégia eficaz para transformar esta migração, de fenómeno de fuga, em mobilidade estratégica e benéfica, tanto para os jovens como para a sociedade em geral", referiu.
Painéis sobre emigração juvenil e fuga de cérebros
A sessão da manhã, moderada por Edmir Ferreira, presidente da Escola de Negócios e Governação da Uni-CV, foi dedicada à emigração juvenil cabo-verdiana. Catia Batista, da Nova SBE, apresentou evidências experimentais sobre a integração de migrantes e os efeitos transfronteiriços das políticas migratórias.
Pedro Freitas, investigador da Universidade de Oxford, partilhou os resultados de um estudo experimental sobre o impacto da informação disponibilizada nos países de origem nas intenções e decisões migratórias de cabo-verdianos. Zenaida Leite, da Universidade de Cabo Verde, abordou a relação entre juventude e emigração no arquipélago, questionando se a mobilidade resulta da procura de qualidade de vida ou de novas realidades.
O período da tarde, moderado por Ana Balcão Reis, vice-decana da Nova School of Business and Economics, centrou-se na emigração de quadros qualificados e no desenvolvimento económico. Frederic Docquier, do LISER, apresentou uma visão geral sobre o debate "fuga de cérebros versus ganho de cérebros".
Marcello Perez, da Universidade de Groningen, analisou o Programa Malengo, uma iniciativa de mobilidade internacional para oportunidades no estrangeiro. Caroline Theoharides, do Amherst College, encerrou as apresentações com evidências sobre a difusão de capital humano através da migração internacional e as suas implicações políticas.
Cooperação académica internacional
A organização contou com a coorganização do NOVAFRICA, da Nova School of Business and Economics e do LISER, reforçando a cooperação académica internacional. Raquel Sofia Fernandes, coordenadora do NOVAFRICA, esteve presente na cerimónia de abertura, assim como Romualdo Tavares, diretor-geral do Ensino Superior de Cabo Verde.
No discurso de abertura, o vice-reitor expressou gratidão aos parceiros científicos e financiadores da conferência, "cuja confiança na Universidade de Cabo Verde torna este evento possível". Jorge Mendes Tavares sublinhou que a coorganização "reforça a cooperação académica internacional e o compromisso de transformar conhecimento em soluções para os desafios da migração e da educação".
A conferência enquadra-se na missão da Uni-CV de promover investigação científica sobre temas relevantes para o desenvolvimento de Cabo Verde, contribuindo para políticas públicas baseadas em evidências nas áreas da migração, educação e desenvolvimento económico.
Debate sobre oportunidades e responsabilidades
O vice-reitor destacou que é no cruzamento entre migração e educação que se encontram "as grandes oportunidades e responsabilidades: compreender como formar cidadãos capazes de integrar novas realidades, sem perder o vínculo ao país de origem, e como transformar a mobilidade humana numa força de desenvolvimento partilhado".
A conferência incluiu sessões de perguntas e respostas após cada painel, permitindo a interação entre investigadores, decisores políticos, representantes de organizações internacionais, diplomatas do Luxemburgo e de Portugal, professores e estudantes de doutoramento presentes tanto presencialmente como à distância.