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Sob o lema “50 anos de independência e educação inclusiva: percursos, desafios e perspetivas futuras”, a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) deu início, esta quinta-feira, 4 de dezembro, no Campus do Palmarejo Grande, ao III Congresso Cabo-verdiano de Educação Inclusiva (ConCEI), reunindo investigadores, professores, técnicos, decisores políticos, estudantes e famílias para dois dias de reflexão sobre políticas, práticas e estratégias de inclusão educativa e social.

Na sessão de abertura, realizada no Centro de Convenções, a cerimónia iniciou-se com uma mensagem de boas-vindas, sublinhando que o encontro pretende “promover a inclusão em todos os níveis de ensino e na sociedade”, num momento simbólico em que o país assinala cinco décadas de independência. A plateia contou com a presença de representantes da Universidade do Minho, da Universidade Lusófona e de outras instituições parceiras nacionais e internacionais.

Um dos momentos mais marcantes da sessão de abertura foi a atuação do grupo Mona Roda, que apresentou uma performance artística centrada na experiência de pessoas com deficiência. Através da música, da dança e da expressão corporal, o grupo evocou temas como a luta pela liberdade, a dignidade, a superação das barreiras e a esperança, oferecendo um testemunho vivo de inclusão e participação.

Em nome da comissão organizadora, o docente da Uni-CV Filomeno Tavares agradeceu a presença dos participantes e destacou a importância da continuidade do ConCEI no país. Lembrou que o dia 4 de dezembro tem um significado especial: “Há 11 anos encerrámos o primeiro congresso e, há 10 anos, abrimos o segundo. Hoje retomamos este caminho com a terceira edição, com a mesma convicção de que todas as pessoas devem ser tratadas de forma equitativa, independentemente das suas características ou necessidades.”

O responsável salientou que o congresso não se limita às sessões académicas em Palmarejo Grande, integrando também atividades de caráter social e comunitário. Referiu, a este propósito, as iniciativas já realizadas na Câmara Municipal da Praia e na Cidade Velha, sublinhando que o ConCEI “vai para além das paredes da universidade” e procura envolver diretamente famílias e comunidades que enfrentam, no quotidiano, os desafios da inclusão.

Pela Universidade do Minho, Ana Paula Martins reiterou a relevância da parceria com a Uni-CV e transmitiu cumprimentos em nome do Reitor daquela instituição. Sublinhou a “generosidade e o compromisso” de todos os que se deslocaram à Praia para participar, defendendo que a educação inclusiva é uma responsabilidade partilhada: “Este congresso é um espaço de afirmação da vontade coletiva de construirmos, em conjunto, um mundo mais inclusivo. Que estes dias de trabalho sejam uma oportunidade para aprofundar redes, consolidar conhecimento e transformar práticas.”

Na intervenção que assinalou formalmente a abertura do ConCEI, o Reitor da Uni-CV, José Arlindo Barreto, agradeceu a presença de convidados nacionais e estrangeiros e destacou a opção deliberada por um encontro presencial. “É mais cómodo ficar à distância, poupar recursos e ligar-se apenas por via digital, mas quisemos que as pessoas estivessem aqui, frente a frente, para transformar o discurso em prática. A presença física demonstra o real interesse pela causa da educação inclusiva”, afirmou.

O Reitor enalteceu ainda o trabalho desenvolvido ao longo dos anos pela equipa responsável pela organização das três edições do congresso, com especial referência a Filomeno Tavares, e dirigiu um agradecimento particular ao grupo Mona Roda, cuja atuação considerou “um exemplo concreto de que a deficiência não define o valor nem o contributo de cada pessoa para a sociedade”.

Ao declarar oficialmente aberto o III Congresso Cabo-verdiano de Educação Inclusiva, o Reitor sublinhou que o desafio que se coloca a Cabo Verde é “garantir que as pessoas com deficiência se sintam plenamente integradas nas nossas atividades, nas nossas políticas e nas nossas preocupações do dia a dia”. Dirigindo-se aos participantes, encorajou-os a fazer destes dois dias “um espaço de debate exigente, mas também de construção de soluções e compromissos para o futuro da educação inclusiva no país”.

A sessão prosseguiu com o início do programa científico, marcado pela conferência inaugural sobre “Educação Inclusiva na perspetiva dos direitos humanos: os percursos de Cabo Verde”, que aprofundou o enquadramento jurídico, histórico e político das políticas de inclusão no sistema educativo cabo-verdiano.

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