
José Arlindo Barreto sublinha maturidade institucional da Universidade de Cabo Verde, apela à coesão académica e admite que o futuro da instituição “é maior do que qualquer reitor ou mandato”.
A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) assinalou hoje, 21 de novembro de 2025, o seu 19.º aniversário com uma sessão solene no Centro de Convenções do Campus do Palmarejo Grande, marcada por um discurso de balanço e despedida do Magnífico Reitor, Professor Doutor José Arlindo Barreto, que termina o seu mandato em março de 2026.
Perante estudantes, docentes, funcionários, antigos reitores, representantes do Governo e parceiros institucionais, o Reitor descreveu os 19 anos da Uni-CV como “uma idade liminar entre a juventude prometedora e a maturidade que se afirma”, sublinhando que a universidade já não é um projeto emergente, mas “uma instituição com responsabilidades crescentes e impacto público”.
Uma universidade que nasceu de um “sonho coletivo”
Na sua intervenção, José Arlindo Barreto recordou a génese da Uni-CV como “um sonho coletivo” de dotar Cabo Verde de um centro de saber capaz de formar quadros, produzir ciência e projetar cultura. “Um país arquipelágico, com escassos recursos, não pode pôr limites no seu futuro. Deve, pelo contrário, expandi-lo, reinventá-lo”, afirmou.
O Reitor destacou o papel das equipas que estiveram na origem da instituição, bem como o contributo dos antigos reitores, que ajudaram a construir uma universidade pública “forte, inclusiva, viva e aberta ao mundo”. Ao longo destes 19 anos, afirmou, a Uni-CV cresceu, organizou-se, estendeu-se pelo arquipélago, reforçou cursos, criou centros de investigação e “afirmou-se como uma referência incontornável no ensino superior nacional e regional”.
Transformações recentes e desafios estratégicos
Fazendo o balanço do ciclo reitoral em curso, o Magnífico Reitor destacou três eixos de transformação: o crescimento excecional da mobilidade académica, a realização de grandes eventos científicos e o reforço de parcerias estratégicas com o Governo e com instituições nacionais e internacionais.
Recordou conferências pan-africanas e ibero-americanas, encontros sobre governação do ensino superior, a criação do Centro de Empregabilidade Francófona e a apresentação da Plataforma de Doações da Uni-CV, que abre novas vias de sustentabilidade e apoio social à comunidade estudantil.
As recentes tempestades que afetaram o país foram evocadas como exemplo da necessidade de uma universidade atenta aos desafios do tempo presente. O Reitor defendeu o reforço da investigação aplicada em áreas como clima, mar, energia, economia azul, mobilidade e governação digital, sublinhando que “a ciência produzida na Uni-CV deve servir as pessoas e as políticas públicas”.
Último discurso de aniversário: despedida e apelo à coesão
Este foi o último discurso de aniversário proferido por José Arlindo Barreto enquanto Reitor da Uni-CV, num momento que o próprio qualificou como “fim de um ciclo” de liderança. Sem dramatizar, mas com forte carga simbólica, agradeceu a todos os que “colocaram o saber acima da conveniência” e “doaram tempo, inteligência, rigor e alma” à universidade.
“O reconhecimento, embora justo, não basta”, advertiu, lembrando que o ritmo de progresso desejado exige “engajamento massivo, lúcido e incondicional” de docentes, investigadores, técnicos e estudantes. Alertou para os riscos de uma dedicação concentrada em pequenos núcleos e apelou a uma “energia coletiva” que coloque a instituição acima de qualquer interesse individual.
“O futuro da Universidade de Cabo Verde será ainda mais brilhante do que o seu passado recente. A Universidade de Cabo Verde é maior do que qualquer reitor, é maior do que qualquer mandato, é maior do que qualquer circunstância”, afirmou.
Compromisso com o futuro
Dirigindo-se diretamente aos estudantes, José Arlindo Barreto revelou que a Uni-CV se prepara para alcançar “o maior número de estudantes dos últimos anos”, o que demonstra a confiança crescente dos jovens na instituição. Felicitou também os docentes aposentados no ano letivo 2024/2025 e agradeceu aos parceiros nacionais e internacionais que têm caminhado com a universidade.
Ao encerrar a intervenção, deixou um apelo à comunidade académica para que mantenha viva a ambição coletiva que esteve na origem da Uni-CV: “Que este aniversário seja um marco, um pacto moral, uma afirmação de que estamos preparados para o próximo salto qualitativo: para uma universidade mais aberta, mais internacional, mais exigente, mais humana.”
“Viva o conhecimento. Viva a Universidade de Cabo Verde”, concluiu, sob aplausos prolongados da assistência.