Encontro estratégico focou-se no papel da academia para o desenvolvimento, inovação e capacitação em Cabo Verde.

A Reitoria da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) recebeu, na quarta-feira, 5 de novembro de 2025, uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada pelo Diretor Executivo André Roncaglia. A reunião, realizada na sala de reuniões do Conselho da Universidade, Edifício 2, Campous do Palmarejo Grande, teve como objetivo apresentar as valências estratégicas da universidade e explorar vias de cooperação para o desenvolvimento económico e social do país, bem como para explorar sinergias com o organismo financeiro internacional.
O Vice-Reitor para as áreas de Ensino, Formação e Inovação Pedagógica, Jorge Tavares, disse que a universidade concentra cerca de 50% dos estudantes do ensino superior em Cabo Verde, distribuídos por três faculdades e duas escolas superiores, com polos nas ilhas de Santiago, São Vicente e Fogo. "Apostamos fortemente na internacionalização [...] para desenvolver ações de formação e capacitação de qualidade, garantindo que os nossos formandos sejam competitivos a nível internacional", afirmou o Vice-Reitor, destacando os programas de mobilidade e a participação em projetos internacionais.
O crescimento qualitativo da instituição foi um dos pontos sublinhados, com o corpo docente a tempo integral a passar de três doutorados em 2008 para cerca de 120 na atualidade. Este investimento reflete-se em resultados concretos, como o segundo lugar alcançado por estudantes de engenharia num concurso africano de robótica, demonstrando a capacidade de competir a nível continental.
Durante a reunião, os Pró-Reitores apresentaram as suas áreas estratégicas. A Pró-Reitora para a Política Estudantil, Social e Extensão, Fátima Fernandes, reforçou o orgulho da Uni-CV em "formar pessoas que hoje ocupam os mais diversos lugares no país" e na região da CEDEAO. Por sua vez, o Pró-Reitor para a Tecnologia, Inovações e Dados, Celestino Barros, detalhou os investimentos em autonomia tecnológica, incluindo o desenvolvimento interno de sistemas de gestão e o lançamento da plataforma doacao.unicv.cv, destinada a apoiar estudantes. "Investimos também no ensino à distância [...] para levar a universidade a todas as ilhas através da tecnologia", acrescentou.
A investigação como motor de políticas públicas foi o foco da intervenção da Pró-Reitora para a Investigação e Formação Avançada, Sónia Simedo, que destacou o potencial dos dez centros de investigação da universidade, com especial ênfase no Centro de Investigação em Negócios e Governação (CING). "Somos uma universidade que pode contribuir para que a ajuda do FMI aos países seja baseada em resultados científicos", declarou. Esta visão foi corroborada pelo Diretor do CING, Professor António Baptista, que, apesar de reconhecer o baixo investimento nacional em ciência, garantiu que o centro ambiciona ser "uma referência" na produção de conhecimento útil para o país.
O Diretor Executivo do FMI, André Roncaglia, reconheceu o papel central da academia, afirmando que "o principal elemento que transforma as nações [...] é a produção e disseminação de conhecimento". Na sua intervenção, lançou dois pontos para reflexão: a importância de transformar a produção académica em impacto económico e a necessidade de fortalecer a ligação entre a universidade e o tecido empresarial e estatal.
O Presidente da Escola de Negócios e Governação (ENG), Edmir Ferreira, recordou a génese da escola, ligada à formação da administração pública, e manifestou a ambição de "recentrar a escola para que ela cumpra a sua função de origem". O Vice-Reitor Jorge Tavares concluiu, mencionando os avanços na área da propriedade intelectual, através de uma parceria com o Instituto de Gestão da Qualidade e da Propriedade Intelectual (IGQPI), para proteger e valorizar a inovação gerada na universidade.
A reunião terminou com um compromisso mútuo de continuar o diálogo e explorar formas concretas de colaboração futura.