
Na 6.ª Conferência Bienal da African Studies Association of Africa (ASAA), a decorrer na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), o Professor Kelechi Kalu apresentou na quinta-feira, 25 de setembro, a conferência “Africa’s Response to Contemporary Global Challenges and Vulnerabilities”. O académico defendeu que educação, ciência e governação inclusiva são pilares essenciais para um futuro mais estável e próspero no continente.
Kalu analisou sete décadas de respostas africanas a choques externos, do pós-independência às crises atuais, e destacou um padrão: “África está sempre a responder”. Para inverter essa lógica, sublinhou a importância de instituições de investigação fortes e contextualizadas, capazes de moldar políticas públicas e antecipar desafios.
Entre os impulsionadores globais que exigem ação coordenada, apontou alterações climáticas, crescimento populacional, inteligência artificial, mineração de dados, papel das instituições financeiras internacionais e marginalização económica. Para enfrentar esses riscos, defendeu políticas baseadas em conhecimento contextual, evitando estratégias fragmentadas que fragilizam a ação africana.
O desemprego e a dependência alimentar foram apresentados como casos-teste: “Enquanto continuarmos a importar tudo o que comemos, estamos a importar pobreza e a exportar riqueza”, alertou, defendendo políticas agrícolas que reduzam a exposição a choques externos.
O orador identificou ainda três lacunas críticas: legitimidade (exclusões políticas), capacidade (falhas na provisão de bens públicos) e segurança (incapacidade de garantir proteção física e territorial). Sem instituições robustas e inclusão, advertiu, estas lacunas alimentam insurgências e prolongam conflitos, agravados por disputas geopolíticas.
A conferência prossegue até 27 de setembro no Campus de Palmarejo Grande, com plenárias, painéis temáticos e atividades culturais.