Sessão no Centro de Convenções marca arranque dos trabalhos da 6.ª conferência, a decorrer de 24 a 27 de setembro.

O Centro de Convenções do Campus de Palmarejo Grande, foi o palco nesta quarta-feira, 24 de setembro, da conferência inaugural da 6.ª Conferência Bienal da African Studies Association of Africa (ASAA). Logo após a abertura oficial, o académico Carlos Lopes, ex-secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para a África (UNECA), proferiu a palestra “Navigating Turbulent Waters”, centrada nos dilemas e nas possibilidades do continente num cenário global volátil.
No seu enquadramento, o orador principal partiu da metáfora de “águas turbulentas” para descrever a sobreposição de crises que moldam o presente africano, e para defender que o desafio não é esperar bonanças, mas aprender a governar em permanente turbulência.
Em “Navigating Turbulent Waters”, Carlos Lopes propôs três eixos para pensar a ação africana no sistema internacional: (1) negligência versus transformação, isto é, como responder a emergências sem perder a agenda estrutural; (2) presença versus influência, convertendo lugares à mesa em poder de definição; e (3) choques versus prosperidade na turbulência, passando do modo de sobrevivência para a institucionalização da resiliência.
O orador contrastou casos de hipervisibilidade sem solução com invisibilidade e desatenção internacionais, argumentando que o atual quadro humanitário e geopolítico expõe assimetrias de tratamento e “solidariedades condicionais”. Face a essa realidade, defendeu a necessidade de a África afirmar agência própria, reformando o acesso ao financiamento, reclamando entrega efetiva nas promessas de clima e disputando espaço regulatório nas tecnologias emergentes.
Para além do diagnóstico, sustentou um deslocamento de mentalidade: governança antecipatória, economias preparadas para choques e contratos sociais que reconheçam novas formas de participação. A experiência histórica africana com contextos instáveis, referiu, pode ser convertida em vantagem comparativa se a disrupção for tratada como “sistema operativo”.