Estudo coassinado por Edmir Luciano Santos Ferreira aplica modelo gravitacional a duas décadas de dados (2000–2023) e aponta oportunidades para uma nova estratégia galega orientada à CPLP; resultados destacam o peso de Portugal e o papel das afinidades históricas e culturais.

O docente e investigador da Escola de Negócios e Governação da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), Edmir Luciano Ferreira, publicou, em coautoria, um artigo na revista Diacrítica que aplica um modelo gravitacional às relações económicas entre a Galiza e os países da CPLP, identificando determinantes-chave do comércio e oportunidades para uma nova estratégia de política externa.
Intitulado “As relações económicas da Galiza com os países da CPLP são proporcionais à sua massa económica? Implicações numa nova era de política externa”, o artigo foi publicado em Diacrítica, Vol. 39, n.º 2 (2025), pp. 25–49, e tem autoria de Diego Sande Veiga (Universidade de Santiago de Compostela) e Edmir Luciano Santos Ferreira (Uni-CV, Escola de Negócios e Governação).
O estudo enquadra-se na viragem recente da política externa galega, marcada pela Lei de Ação Externa da Galiza (2021) e pela Lei Paz Andrade (2014). Os autores sustentam que este novo quadro regulatório deve ser aprofundado para robustecer as relações comerciais com a CPLP, alicerçado em afinidades históricas e culturais. Para tal, aplicam um modelo gravitacional, metodologia amplamente usada em economia internacional, incorporando variáveis como PIB e distância geográfica.
A base empírica cobre o período 2000–2023, combinando dados do Banco Mundial, CEPII, Comissão Europeia, UNCTAD e estatísticas espanholas de comércio por intensidade tecnológica. A abordagem articula análises macroeconómicas e setoriais de natureza qualitativa e quantitativa.
Nos resultados descritivos, Portugal destaca-se como principal parceiro da Galiza, com exportações galegas superiores a 4 mil milhões de euros e importações acima de 2,5 mil milhões em 2023. O Brasil surge a larga distância, seguido por Cabo Verde (exportações > 10 milhões de euros); do lado das importações, Moçambique ocupa o terceiro lugar, seguido de Cabo Verde e Guiné Equatorial. Angola apresenta relações económicas de baixa expressão. Entre os determinantes qualitativos, língua, proximidade cultural e confiança mútua ajudam a explicar a intensidade do eixo Galiza–Norte de Portugal.
Na estimação econométrica, confirmam-se os padrões do modelo gravitacional: o PIB do país importador associa-se positivamente às exportações galegas, enquanto a distância exerce efeito negativo e significativo, configurando o principal obstáculo ao comércio com a CPLP. A robustez das estimativas é evidenciada por R² = 0,8 na especificação de referência.
O artigo conclui que existe margem para aprofundar as trocas da Galiza com vários países da CPLP, sobretudo onde há potencial inexplorado (nomeadamente Brasil, Angola e Moçambique), e sustenta recomendações de política para conceber e inovar uma estratégia económica futura orientada à CPLP, em alinhamento com o novo enquadramento galego.
Edmir Luciano Santos Ferreira é economista cabo-verdiano, especializado em Economia Internacional, com mais de uma década de experiência em análise económica, políticas comerciais e desenvolvimento estratégico. É Doutor em Economia Internacional pela University of International Business and Economics (UIBE), em Pequim. É licenciado e mestre em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e possui formações complementares em gestão macroeconómica e financeira (FMI e Banco Mundial), gestão da dívida (WAIFEM) e Liderança Ministerial (Harvard Kennedy School).
Trabalhou cinco anos na Direção Nacional do Planeamento do Ministério das Finanças de Cabo Verde. É Professor Auxiliar na Escola de Negócios e Governação da Uni-CV desde 2020, tendo sido Coordenador do Grupo Disciplinar de Economia, Gestão e Administração, Vice-presidente da Comissão Executiva e, desde maio de 2024, exerce funções de Presidente da Comissão Executiva da mesma Escola.
Estudo coassinado por Edmir Luciano Santos Ferreira aplica modelo gravitacional a duas décadas de dados (2000–2023) e aponta oportunidades para uma nova estratégia galega orientada à CPLP; resultados destacam o peso de Portugal e o papel das afinidades históricas e culturais.